"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
(Campos, Álvaro de. Tabacaria. Portugal, 1928)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Quando Nietzsche chorou

 

 

 

“o desejo não pensa: ele anseia, rememora”

Irvon D. Yalom

 

 

Carta de Friedrich Nietzsche para Lou Salomé de dezembro de 1882.

 

“Cara Lou,

       …Tens em mim o maior defensor, mas também o mais impiedoso juiz! Exijo que julgues a ti mesma e que determines tua própria punição... De volta a Orta, decidira revelar toda minha filosofia a ti. Oh! Não tens idéia do vulto dessa decisão: acreditei que não poderia ter presenteado melhor a ninguém...

       Naquela época, eu tendia a considerar-te uma visão e manifestação de meu ideal terreno. Por favor, observa que tenho uma péssima visão!

Penso que ninguém consegue pensar melhor de ti, mas tampouco pior. Caso tivesse te criado, conceder-te-ia melhor saúde e muito além daquilo que é bem mais valioso... e talvez um pouco mais de amor por mim (embora isso não tenha absolutamente a mínima
importância) e o mesmo se daria com o amigo Rée. Nem contigo nem com ele consigo proferir uma só palavra sobre questões de meu coração. Imagino que não tens idéia do que desejo? - mas esse silêncio forçado é quase sufocante, porque gosto de vocês.

 

F.N.”

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