"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
(Campos, Álvaro de. Tabacaria. Portugal, 1928)

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!


Tenho um inimigo em comum comigo mesmo.
Meu pensamento apodrece tudo o que ele consegue tocar, das esperanças e auto-estimas, à mesa do café da manha, destroi qualquer vestigio de vida que ainda persiste, desanima, confunde, e acusa todos os erros cometidos, pondera-os e conclui o fracasso.

Meu inimigo é proximo, sabe meus segredos, me enfraquece, não me deixa dormir ou pensar, meu inimigo sou eu. Não adianta lutar, pois a derrota esta entre meus lençois, como insetos que incomodam, mas ja não levanto para procura-los, não sinto que devo mata-los, apenas aceito o encomodo como merecido.
As vezes torturo minhas decepções durante um dia todo, presas sob um sorriso, mas a noite é territorio dela, é como estar perdido na cidade, e todas as ruas te levam ao centro, à imagem do fracasso, onde moram os que falharam com a vida, ou os que a vida lhes faltou compaixão, nunca sei diferencia-los.

Certo dia ouvi, dentro de um contexto que não vem ao caso, um homem contando como quase se formou na faculdade, e esse mesmo homem vestia roupas rasgadas e pedia comida, veio a mesa onde eu estava sentado, contou um pouco da sua historia, talvez tenha me dado algum conselho e partiu. Na hora não me pareceu importante, hoje queria ter ouvido o que o homem disse, talvez tenha travado a mesma batalha que eu tenho travado e tenha perdido ou talvez me desse alguma dica sobre como vence-la.

O unico consenso que tenho como cortesia de guerra, é que para ambas as partes existe o desejo de não estar, de não ser e de não fazer.
‘Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.’
( PESSOA, fernando, TABACARIA)

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