"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
(Campos, Álvaro de. Tabacaria. Portugal, 1928)

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Guardo na Carteira

 

 

“Existe sempre muito a ser falado em situações como essas. Assim como, na maior parte dos casos, nada precise ser dito.

A caminhada é parte do ser humano, estar em movimento, sentir o ar entrar nos pulmões e acerca disso, o medo do próximo passo vai ser sempre um fator a ser considerado antes de se tomar decisões. Entretanto precisamos de um lar, assim como todo navio precisa de um porto para se fazer útil em todo o seu potencial, se não, tem o mesmo valor que um isopor boiando por anos nos mares.

A minha filosofia se esvai no momento em que me torno refém, não daquilo que foi ou que será, mas daquilo que poderia ter sido. Tantos lugares, tantas pessoas, tantas palavras e tudo aquilo que não será, assim como minha banda, minhas aulas de artes marciais, minha iniciação cientifica, ou as mil corridas matinais pelos parques que foram postergadas e esquecidas com o giro do relógio ou das folhas no calendário.

Não quero parecer ingrato, sei do valor de todas as coisas e sei que tive muita sorte enquanto toda aquela chuva caía. Sei de todo o conforto e toda segurança que fui contemplado, sei que nem todos dão o devido valor, sei de mais mil coisas. Não sei de nada, enfim. “

Isso foi um rascunho inacabado, mais um dos mil textos que não consegui terminar. As vezes eu quero que esse site seja sobre poesia, sobre textos e sobre pensamentos mas, inevitavelmente, ele se torna sobre mim. Conheço poucos assuntos mais desinteressantes do que eu, ainda assim aqui estou.

Esse texto é, como diria Tati Bernardi, um grito de socorro por ter um peito transbordando. Tenho mil coisas pra falar, nenhuma nova. Não abri meu coração, de fato, pra ninguém, não acho que as pessoas saibam melhor do que eu a forma como eu devo viver então não fico pedindo opinião, tomo minhas decisões e abraços as consequências.

-Não conseguirei terminar este texto também, não tenho palavras pois não sei o que quero dizer. Na vida chega a ser mais fácil, ninguém repara se você escreve sua história com as palavras erradas.

 

 

PS. Muitas coisas mudaram. Minha carteira não, no bolso de moedas ainda existe um tesouro. O que era presente, hoje é memória.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Uma postagem

 

 

Olá, como vai?

Senti falta de escrever mas não senti o que iria escrever. Na verdade não tenho o que dizer. A vida rasteja por entre os dedos dos pés descalços e os assuntos seguem-na em marcha militar. Quantos Charlie Hebdo adormeceram no oriente médio sem saber se iriam acordar, quanto da história ficou entre os comerciais do Fantástico, quantos homem bomba não morreram tentando explodir o sistema aqui no Brasil com uma Glock na mão e sangue nos olhos, quantos deles ainda vão tentar?

Temos assuntos e manias, misturamos os dois com o olhar de quem já escolheu um lado e viramos guerrilheiros de causas que sabemos apenas a ponta do iceberg. Como guerreiros romanos, nos armamos dos argumentos deles e partimos pro confronto, sempre do lado do bem, sempre contra o mal.

Enquanto mergulharmos nos nossos próprios egos e esquecermos dos fatos que fundamentaram nossos dias, o passado voltará a nos assombrar nos impedindo de um futuro civil e pacífico.