"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
(Campos, Álvaro de. Tabacaria. Portugal, 1928)

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Conversa de buteco

 

- E o que foi então?

- O sorriso, me apaixonei pelo sorriso. – Respondeu ele.

- Mas só isso? Tanta mudança por um sorriso?

- Não é só um sorriso, é o sorriso mais lindo que eu ja vi.

- Mas se era só o sorriso, porquê não um parecido?

- Não, – Suspirou – é o conjunto, é o fato de que ve-la sorrindo acelera o coração.

- Cara isso acontece com frequencia, não vá se perder.

- O caminho que eu vou seguir é pra trilhar em par, achei minha co-piloto por acaso e agora a estrada está mais iluminada, talvez com mais curvas, buracos e entretantos, mas com certeza mais colorida e iluminada.

- E você ja disse isso pra ela?

- Não, tenho medo de começar a falar e não conseguir parar.

- Como assim?

- Se pudesse diria “eu te amo” a cada dois minutos, se tornou tão dispensável quanto o ar, e para não ser piegas tenho me controlado.

- Aqui está a cerveja senhor. – Disse o garçon à dupla de senhores, ja grisalhos, com alianças nos dedos. O primeiro, apaixonado e com a pele boa, e o outro mais cansado, mas os dois felizes.

Servindo-se em um copo com pouco colarinho como de costume, olhou para o companheiro e disse:

- Não sei se a amava aos 20 anos como se tivesse 50, ou se a amo hoje como se tivesse 20 primaveras apenas.

- O amor é um só velho amigo, independe da idade. – Disse o homem tomando um longo gole para encerrar o assunto.

Um comentário:

Bárbara Libório disse...

Que bom que a sua inspiração está de volta. O amor é sempre o melhor remédio. <3